Ideb e Avaliação Educacional

No dia 11, a primeira mesa, chamada “Ideb e Avaliação Educacional”, contou com a presença de Ernesto Faria (Fundação Lemann), do Amaury Patrick Gremaud (USP Ribeirão Preto) e Romualdo P. Oliveira (FEUSP).

Faria destacou o surgimento do Ideb em 2007 como uma política de avaliação do país. O Ideb é composto pela combinação de informações sobre fluxo escolar (aprovação) e informações sobre o desempenho dos estudantes em português e matemática.

Segundo Faria, a importância do Ideb está no fato dele estimular a ampliação das taxas de aprovação e outros indicadores educacionais de Secretarias de Educação.  Um dos aspectos positivos, afirma, está na escala estabelecida pelo indicador, o que possibilita uma melhor compreensão pela população.

“O Ideb não considera insumos e processos, e a proficiência em português e matemática é insuficiente. Além disso, se deixarmos de discutir equidade em um indicador como esse, o risco de aumentar as desigualdades é grande”, afirma.

Faria destacou ainda que o acompanhamento da evolução da qualidade educacional, da relação PISA/Saeb, para se chegar ao patamar 6, poderia ser comparado aos de países desenvolvidos. Para ele, essa seria a meta nacional, enquanto que para os municípios teríamos metas diferenciadas.

Amaury Patrick Gremaud da USP Ribeirão Preto afirmou que a criação do Ideb é positiva para o monitoramento da qualidade educacional. No entanto, chamou a atenção para os desafios referentes aos problemas da cobertura educacional no país: “E as crianças que estão fora das escolas? E as outras áreas do conhecimento?”, questiona.

Para Gremaud, o indicador tem limites e não consegue captar as desigualdades de forma adequada. “Quando o Ideb foi criado, em 2005, a equipe responsável queria compreender onde estavam os problemas e a partir daí traçar as metas no PDE. As metas foram repactuadas com os municípios e as escolas”, afirma.

Segundo ele, a média 6.0 foi um truque estatístico utilizando o PISA, sem qualquer tipo de consenso da equipe sobre metas. Ressaltou ainda que o Plano Nacional de Educação (PNE) que está em tramitação no Congresso Nacional perdeu a oportunidade de rever o plano de metas do Ideb.

O professor da FEUSP, Romualdo P. Oliveira, também destacou que o Ideb é interessante para o monitoramento da qualidade educacional, porém, um desastre para a gestão educacional, já que os mecanismos são insuficientes e estimula o “game”.

“Um indicador de qualidade certamente não é o Ideb”, afirma Oliveira. “Não queremos uma educação que ensine somente linguagem e matemática, uma cultura de educar para o teste e redução do currículo escolar”. Para ele, uma discussão mais séria sobre qualidade educacional requer o Ideb articulado a outras iniciativas.

Ainda de acordo com Oliveira, sem pactuar com os/as professores/as e redes de ensino não haverá mudanças.Só há sentido definir metas que façam parte de um movimento coletivo. “Nós não iremos melhorar a educação brasileira contra os professores”.

Oliveira também afirmou que as metas do PNE não serão controladas pelo Ideb. È necessário um indicador mais adequado que expresse o que entendemos por qualidade educacional. “O Ideb enfatiza muito resultados sem considerar as condições. Mas quem é o responsável pelo cumprimento disso? O responsável pela má qualidade educacional é o Estado”, salienta.

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