Avaliação em destaque: consulta pública sobre Enem e estudo sobre resultados do PISA e questões de gênero

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O portal dos Indicadores destaca as principais notícias sobre a avaliação educacional na mídia entre os dias 25 de fevereiro e 25 de março de 2015

O principal destaque das notícias e matérias sobre avaliação educacional publicadas entre os dias 25 de fevereiro e 25 de março foi sobre a consulta pública aberta pelo Ministério da Educação (MEC) para a população comentar e sugerir mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Ao longo dos anos, o Enem se consolidou como uma porta de oportunidades para o acesso ao ensino superior por meio de programas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Universidade para Todos (ProUni), Financiamento Estudantil (Fies) e Ciência sem Fronteiras.

Na matéria sobre a consulta, que teve um total de 36.582 sugestões, foram entrevistados os diretores das quatro escolas com piores colocações no Enem 2013 (todas localizadas em zonas rurais), que evidenciaram opiniões unânimes ao considerarem que o Exame Nacional não retrata a realidade dos estudantes das escolas rurais.

Além disso, uma diretora afirmou que a análise dos resultados do exame dão uma sensação de “inverdade” e que estas notas podem desestimular os estudantes ao dizer que “eles estudam na escola pior colocada no Enem”.

Vários fatores que podem afetar o resultado no exame foram apontados pelos profissionais das quatro escolas com piores colocações. Dentre eles, a falta de infraestrutura nas unidades como a inexistência de bibliotecas, laboratórios, quadras esportivas, salas de aula e transporte escolar; a falta de professores exclusivos para atuar no Ensino Médio e de outros profissionais da escola; a insuficiente formação continuada dos professores; a precarização da carreira docente; a grande quantidade de alunos nas salas e a diferença entre o conteúdo ensinado nas escolas e o que é exigido na prova.

Em contrapartida, especialistas entrevistados constataram que o exame poderia avaliar mais a capacidade de pensar, o raciocínio matemático, a linguagem e os conceitos científicos utilizados; que a prova deveria ser menor e com mais tempo para sua realização; que as provas deveriam ser on line, etc. Além de questionamentos quanto à necessidade ou não da aplicação de redação como parte constituinte do exame.

Interessante que dados de contexto, insumos e processos educativos aparecem como necessidade na fala dos profissionais da educação que acompanham de perto o cotidiano da escola. As preocupações dos especialistas são técnicas e se referem ao conteúdo e aplicação da prova.

 

O Pisa e as questões de gênero

Outro destaque do período foi o levantamento, realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que detectou disparidades no desempenho escolar de meninos e meninas no Brasil. O estudo foi feito com base nos resultados do Programa Internacional de Avaliação de Desempenho Escolar (Pisa), que mede o desempenho de adolescentes de 15 anos em leitura, matemática e ciências.

O levantamento, que analisou 64 países ou regiões econômicas delimitadas (como Xangai), evidenciou que as dificuldades de aprendizagem são maiores entre meninos do que entre meninas. Em média, 15% dos meninos têm baixo índice de aprendizagem aos 15 anos. Entre as meninas, a taxa cai para 9%.

A desigualdade de gêneros nas escolas foi registrada em todas as localidades analisadas pela OCDE. No Brasil, por exemplo, 45% dos meninos têm baixo índice de aprendizagem, taxa que cai para 40% entre as meninas. Porém, entre os brasileiros, o salário médio para o sexo masculino é de 1.342 reais, enquanto entre as mulheres a média é de 1.075 reais – diferença de 297 reais, segundo pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

A pesquisa mostra, também, que as famílias, mesmo tendo um garoto e uma garota com o mesmo nível de conhecimento matemático, incentivam mais os meninos a seguir uma carreira de engenharia, por exemplo. Os números de ingresso nas faculdades confirmam: 14% das mulheres escolhem uma carreira relacionada a exatas contra 39% dos homens. O estudo explicitou que são os meninos que abandonam o banco escolar mais cedo e utilizam maior parte de seu tempo livre com atividades que não complementam o aprendizado escolar. Enquanto as garotas leem, principalmente, livros de ficção, e adquirem mais habilidades de compreensão textual, os garotos investem maior parte do tempo com videogames e navegando pela internet.

Clique aqui e veja outras notícias do período como a entrevista com o professor Dermeval Saviani sobre a autonomia do Inep e a aplicação do Enade 2015.

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